domingo, 26 de junho de 2016

A regata dos barcos rabelos, em dia de S. João


Há coisas que não mudam!

E a imprevisibilidade da corrente do rio Douro é uma delas.
Quando menos se espera volta a força incontrolada das águas, com as inevitáveis ronhentas, afrontando o governo das embarcações, mesmo quando estão nas mãos experientes de mestres bem preparados.
No caso dos barcos rabelos, tal como se viu nesta última regata a celebrar o dia mais festejado na cidade, as águas do rio e o vento que veio da Biscaia, foram agrestes para com os saudosistas desta navegação centenária.
O dia escolhido para a regata dos rabelos é sempre o 24 de Junho, portanto não havia hipótese para escolher uma data mais propícia, face às condicionantes climatéricas.
A hora marcada para a largada, cerca das 17 horas, estava perfeitamente enquadrada para facilitar a marcha dos barcos rio acima, tal como previsto.
Porém, a nortada fresca da tarde, com algumas rajadas, complicou de sobremaneira o manejo dos barcos, já por si de difícil comando, que aliada à corrente do rio, com uma intensidade anormal, estragou um pouco o excelente espectáculo, que se vislumbra anualmente desde as margens do Douro.

Momento da largada dos barcos rabelos

O barco rabelo da Rozés esteve imparável

O barco rabelo da Sandeman em boa marcha

O barco rabelo dos vinhos Dalva em navegação muito atribulada

E o barco rabelo da Offley após colisão frontal com a muralha

Alguns dos barcos rabelos, poucos, mas melhor posicionados à largada da regata, conseguiram entrar na linha de água e navegar na direcção da meta, a boa velocidade. Outros, quase tantos quantos os que seguiram rio acima, saíram disparados contra as margens do rio na Afurada, e próximo à Arrábida, com abalroamentos à mistura, mas felizmente sem consequências de maior.
Outros ainda, navegaram aos bordos, entrando nos redemoinhos das águas, para desgovernados saírem na direcção das margens, e salvos de avarias pelas tripulações atentas, embarcadas nas lanchas de apoio, que os acompanhavam a curta distância.
Posto isto, os barcos acabaram a dar por concluída a regata, na linha de meta, quer recorrendo à normal navegação à vela, ou subindo o rio a reboque das lanchas de apoio.
Finda a competição, ao contrário das regatas realizadas nos anos anteriores, o desfecho, por inesperado, justificou os momentos de ansiedade provocados a cada ocasião que os barcos desgovernavam, mantendo-se todavia o interesse e a curiosidade, que juntou milhares de pessoas atentas a todos os detalhes da prova, colorindo as margens do rio, ao longo de todo o percurso.

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