sexta-feira, 7 de outubro de 2011

História trágico-marítima (XLV)


O lugre-escuna “ Santa Maria “ (2)
1914 - 1917
Parceria de Pescarias de Viana, Viana do Castelo

Imagem sem correspondência ao texto

Nº Oficial: 57 - Iic.: H.D.N.P. - Porto de registo: Viana
Construtor: John Hutt, Liverpool, Nova Escócia, 1902
ex “Albani”, -?-, Liverpool, Nova Escócia, 1909-1914
Arqueação: Tab 204,00 tons - Tal 190,00 tons
Dimensões: Pp 33,80 mts - Boca 7,63 mts - Pontal 3,40 mts
Propulsão: À vela
Equipagem: 10 tripulantes (mais 26 pescadores)
Capitães embarcados: Manuel Mendes (1914 e 1915)

O naufrágio
Peniche, 11 - Chegaram a este porto os escaleres conduzindo 10 tripulantes do lugre-escuna “Santa Maria”, de Viana do Castelo, que vinha do Porto, com um carregamento de carvão destinado a Lisboa, quando foi torpedeado por um submarino alemão a 6 milhas ao sul das Berlengas. Antes do torpedeamento, os alemães apoderaram-se dos viveres.
(In jornal “O Comércio do Porto”, de 13 de Junho de 1917)

Em aditamento ao texto anterior, verifico uma curiosa trapalhada em relação aos dois lugres de Viana do Castelo, com o nome “Santa Maria”, instalando-se a confusão, por força da existência de duas versões distintas, pela repetição do mesmo nome em navios diferentes. Por um lado, em parte da documentação disponível, as características acima mencionadas deviam pertencer ao primeiro “Santa Maria”. No entanto, tanto oficialmente como em conformidade com o relatório do cap. Kurt Albrecht, que se encontrava a bordo do submarino alemão UC-53, no período de 5 de Abril de 1917 a 5 de Fevereiro de 1918, o mesmo atesta claramente ter sido este o lugre vitimado pelo ataque. Nesse mesmo relatório faz constar, que o lugre foi afundado a 10 de Junho de 1917, na posição 39º11’N 09º35’W, confirmando o local a 6 milhas náuticas a sul das Berlengas, quando o navio transportava um carregamento de carvão, com destino à colónia portuguesa da Guiné.
Porque o capitão do submarino alemão teve forçosamente acesso aos documentos oficiais do navio e ao manifesto da carga (e aparentemente dos viveres), parto do pressuposto que sabia exactamente qual foi o navio afundado, pelo que agora sou favorável a considerar este como o segundo “Santa Maria”, até prova em contrário.

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