sexta-feira, 11 de março de 2011

História trágico-marítima ( VII )


Colisão

No passado dia 4, próximo ao Cabo da Roca, o paquete francês “Lutetia”, abalroou com o vapor grego “Dimitrios”, metendo-o a pique. Não há desgraças pessoais a lamentar.
In (Jornal “O Nauta”, Nº 460, de 19 de Fevereiro de 1914)

O paquete francês "Lutetia" a navegar
Postal da companhia - minha colecção

“ Lutetia “
1913 - 1938
Armador: Compagnie de Navigation Sud-Atlantique, França

Nº Oficial : - ?- - Iic. : O.L.Z.T. - Porto de registo: Bordéus
Cttor: Chantiers de l’Atlantique, St. Nazaire, França, 10.1913
Arqueação : Tab 14.654,00 tons - Tal 5.599,00 tons
Dimensões: Pp 176,48 mtrs - Boca 19,54 mtrs - Pontal 11,19 mtrs
Propulsão: Chant. de l’Atlantique, 1913 - 4:Tv - 8:Ci - 20 m/h
Demolido em Blyth, Escócia, em 21 de Janeiro de 1938

“ Dimitrios “
1900 - 1914
Armador: E.C. Embiricos, Piréu, Grécia

Nº Oficial: -?- - Iic.: -?- - Porto de registo: Piréu
Cttor: Ropner, Stockton, Inglaterra, 01.1900
ex “London Bridge”, 1900- -?-
Arqueação: Tab 3.033 tons
Dimensões: Pp 99,10 mtrs - Boca 14,70 mtrs
Propulsão: 1:Te - 10 m/h

Sinistro marítimo – Lisboa, 5 de Fevereiro de 1914

Procedente dos portos do Brasil e Argentina, entrou ontem em Lisboa o paquete francês “Lutetia”, de 175 metros de comprimento e com a deslocação de 15.000 toneladas. Depois de receber alguns passageiros, levantou ferro com rumo a Bordéus. Na ocasião em que navegava por alturas do Cabo da Roca, apareceu na sua frente o vapor grego “Dimitrios”, que seguia em direcção ao Mediterrâneo, conduzindo um carregamento de carvão, sendo a sua tripulação constituída por 19 homens.
O “Lutetia” abalroou o “Dimitrios”, pelo lado de estibordo, cortando-o ao meio, fazendo com que se submergisse dentro de minutos. Ao dar-se o embate, o pânico foi enorme a bordo dos dois vapores, sendo lançados ao mar de bordo do “Lutetia”, alguns escaleres, devidamente tripulados, no intuito de salvar a tripulação do “Dimitrios”. O “Lutetia”, depois de receber diferentes náufragos, veio novamente para Lisboa, fundeando em frente da Alfândega, onde desembarcou os náufragos, que foram recolhidos num hotel.
Aquele vapor vai para a doca de Alcântara, a fim de ser reparado, pois também sofreu um rombo na extensão de oito metros. Quanto aos passageiros, vieram para terra, esperando outro vapor que os conduza ao seu destino. Os comandantes dos dois vapores foram presos. Das baleeiras lançadas ao mar por ocasião do desastre, uma delas veio parar a Cascais. Consta que faltam 9 homens, mas a informação carece de fundamento.
O “Lutetia” pertence à Compagnie de Navigation Sud-Atlantique, de que são agentes em Lisboa os Srs. Orey, Antunes & Cª. Por sua vez o “Dimitrios” procedia de Cardiff.
In (Jornal “O Comércio do Porto”, de 6 de Fevereiro de 1914)

Ainda o sinistro marítimo – Lisboa, 6 de Fevereiro de 1914

Ao norte da Ericeira naufragou uma lancha com cinco tripulantes, que não puderam ser salvos. Parece que é a lancha que se supunha ter desaparecido por ocasião do desastre com o “Lutetia”.

Seguiram hoje no “Sud-express” para Paris, 40 passageiros do paquete francês “Lutetia”, que ontem de madrugada abalroou com um vapor de carga à entrada da barra, metendo-o no fundo. Seguiram igualmente no rápido 70 passageiros, com o mesmo destino, os quais tomarão de manhã o comboio nº 9 do norte de Espanha. Estão previstos seguir amanha mais 45 passageiros no “Sud-express”, onde já tem lugares reservados.
In (Jornal “O Comércio do Porto”, de 7 de Fevereiro de 1914)

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