sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

Os navios de Viana do Castelo, 1920-1925


Na rota da pesca,
a frota Vianense de regresso aos Bancos

Neste início da década, Viana do Castelo viu partir o lugre “Santa Martha”, de 385 toneladas, de madeira e o lugre “Lusitânia”, de 861 toneladas, de madeira, ambos da propriedade do construtor, a Empresa de Construções Navais, Lda., vendidos a armadores da capital, ficando matriculados em Lisboa. Todos os outros navios registados no serviço de cabotagem, tais como o lugre “Fernanda”, as escunas “Delfina” e “Laboriosa” e o iate “Maria Clara” mantém-se matriculados localmente.

Ainda em 1920 a frota foi aumentada com a chalupa “Diógenes”, de 45 toneladas, de madeira, construída em 1893, em Boulogne, França, registada em nome de Daniel José Machado e no ano seguinte foi matriculado o lugre “Brilhante” de 312 toneladas, de madeira, construído por José Lopes Ferreira Maiato e lançado à água em Viana a 11.04.1921, sob encomenda da Sociedade Vianense de Cabotagem, Lda.

Ainda em 1921 regista-se a matrícula das chalupas “Dina”, de 65 toneladas, de madeira, lançada à água a 20 de Fevereiro e a “Rachel”, de 72 toneladas, de madeira, lançada à água a 8 de Abril, ambas construídas por António Luiz Sobral, em Viana, para Bernardo Pinto Abrunhosa, também de Viana do Castelo.

Em 1922 torna-se digno de nota o naufrágio da chalupa “Diógenes”, por motivo de temporal e da escuna “Laboriosa”, também devido a temporal, durante o mês de Setembro, quando em viagem de Setúbal para Peniche.

Nesse mesmo ano de 1922, Viana recebeu a matricula da chalupa “Farol”, de 49 toneladas, de madeira, construída por José de Azevedo Linhares, em Esposende, lançada à água durante o mês de Outubro, que passou à propriedade de Maduro, Filho e outros. Esta chalupa estava registada em nome da Empresa Marítima e Comercial do Norte, Lda., na praça de Esposende.

No decurso do ano seguinte (1923), foram matriculados o lugre “Britónia”, ex “Manuel”, ex “Arosa”, de 100 toneladas, de madeira, construído em 1917, e o lugre “Senhora das Areias”, ex “Villalonga”, de 120 toneladas, de madeira, construído em 1920, ambos de fabrico espanhol no estaleiro de Noya-Obrés (Galiza) e registados no porto de Vilagarcia de Arosa. Passam à propriedade de Bernardo Pinto Abrunhosa. Em 1925 foi registado o iate “Covão I”, ex “Rio Coura”, de 88 toneladas, de madeira, construído por Manuel Ferreira Rodrigues, em 1920, no estaleiro de Caminha. Pertencia a Francisco Odorico Dantas Carneiro, de Caminha, passando à propriedade de Possidónio Gonçalves Covão & Irmão, Lda. de Viana do Castelo.

Por sua vez o iate “Maria Clara”, de A. Rocha, Lda., naufragou quando se encontrava dentro do porto de Leixões, devido ao temporal que fustigou este porto no dia 7 de Fevereiro de 1923. Também o lugre “Britónia” foi entretanto vitima de naufrágio, junto à barra do porto de Viana, por motivo de temporal, a 25 de Abril de 1924 e a chalupa “Farol”, de José Rodrigues Maduro, naufragou 20 milhas a Oeste do Porto, devido ao mau tempo a 20 de Abril de 1925.

No que concerne à pesca do bacalhau em 1920, o lugre “Gaspar” regressa à pesca, agora na companhia duma segunda unidade, o lugre “Rio Lima”, a que se juntará acto contínuo o lugre “Santa Luzia II”, para a campanha de 1921.

Lugre “ Gaspar ”
1919 – 1948

Armador : Soc. Novas Pescarias de Viana, Lda., V. do Castelo
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Nº Oficial : 71 > Iic.: H.G.A.P. > Registo : Viana do Castelo
Cttor.: Manuel M. B. Mónica, Cabedelo, F. Foz, lançado 24.08.1919
ex “Sarah”, Nápoles, Pinto Basto & Cª., Lda., F. Foz, 1919-1919
Tonelagens : Tab 317,68 to > Tal 245,81 to
Comprimentos : Pp 43,35 mt > Boca 8,80 mt > Pontal 4,23 mt
Máquina : Não tinha motor auxiliar
Equipagem : 39 tripulantes
Capitães embarcados : José dos Santos Carrapichano (1920) e Manuel Mendes (1921 a 1925)

Lugre “ Rio Lima ”
1920 – 1951

O "Rio Lima", a navegar - foto de autor desconhecido

Armador : Comp. Marítima de Transp. e Pesca, Lda., V. do Castelo
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Nº Oficial : 69 > Iic.: H.R.L.I. > Registo : Viana do Castelo
Cttor.: José Lopes Ferreira Maiato, Viana, lançado 22.01.1920
Tonelagens : Tab 317,33 to > Tal 264,42 to
Comprimentos : Pp 48,00 mt > Boca 9,80 mt > Pontal 4,47 mt
Máquina : Não tinha motor auxiliar
Equipagem : 41 tripulantes
Capitães embarcados : José Francisco Carrapichano (1920 a 1922), João Francisco Grilo (1923) João Magano (1924) e João Francisco Grilo (1925)

Lugre “ Santa Luzia II”
1921 – 1926

Armador : Companhia Marítima de Transp. e Pesca, V. do Castelo
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Nº Oficial : 70 > Iic.: H.S.L.I. > Registo : Viana do Castelo
Cttor.: José Lopes Ferreira Maiato, Viana, lançado 10.04.1921
Tonelagens : Tab 325,99 to > Tal 261,92 to
Comprimentos : Pp 48,10 mt > Boca 9,93 mt > Pontal 3,90 mt
Máquina : Não tinha motor auxiliar
Equipagem : 43 tripulantes
Capitães embarcados : José Ferreira d’Oliveira (1922) e João Pereira Cajeira (1923 a 1925)
Em 1926 o navio vai pertencer à Empresa de Pesca de Viana.

Em 1922 mais quatro unidades engrossam a frota dos navios para a pesca do bacalhau, juntando-se aos três anteriores, a saber :

Lugre “ Brilhante “
1922 - 1923

Armador : Sociedade Vianense de Cabotagem, Lda., V. do Castelo
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Nº Oficial : -?- > Iic.: -?- > Registo : Viana do Castelo
Cttor.: José Lopes Ferreira Maiato, Viana, lançado 11.04.1921
Tonelagens : Tab 329,40 > Tal 196,66 to
Comprimentos : Pp 47,25 mt > Boca 9,97 mt > Pontal 3,82 mt
Máquina : Não tinha motor auxiliar
Equipagem : (x) tripulantes
Capitães embarcados : João Pereira Ramalheira (1922 e 1923)
Vendido em 1924, passa à propriedade da Empresa “Condestável”, Lda., tendo alterado o registo para a praça de Aveiro e mudado o nome para “Condestável”.

Lugre “Espozende III”
1922 - 1924

Armador : Firmino Clementino Loureiro, Viana do Castelo
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Nº Oficial : 78 > Iic.: H.Z.E.N. > Registo : Viana do Castelo
Cttor.: José de Azevedo Linhares, Esposende, lançado 28.11.1921
Tonelagens : Tab 195,72 to > Tal 141,83 to
Comprimentos : Pp 37,50 mt > Boca 8,69 mt > Pontal 3,46 mt
Máquina : Não tinha motor auxiliar
Equipagem : 35 tripulantes
Capitães embarcados : Manuel d’Oliveira (1922-1923)
Naufragou devido a violento temporal, quando em viagem de Caminha para os bancos da Terra Nova, na posição 42º25’N 09º30’W, em 1924.

Lugre “Estrela I”
1922 - 1927

Armador : Emp. de Pesca Estrela de Portugal, Lda., V. do Castelo
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Nº Oficial : 75 > Iic.: H.E.L.A. > Registo : Viana do Castelo
Construtor : N. S. M. Leary, Dayspring, Nova Escócia, 1918
ex “Margaret Moulton”, Moulton, St. Johns, T. Nova, 1918-1918
ex “Boa Sorte”, Pesc. Vilacondense, Lda., Porto, 1919-1922
Tonelagens : Tab 189,10 to > Tal 140,45 to
Comprimentos : Pp 41,00 mt > Boca 8,30 mt > Pontal 3,75 mt
Máquina : Não tinha motor auxiliar
Equipagem : (x) tripulantes
Capitães embarcados : João Francisco Grilo (1922) e José Francisco Carrapichano (1923 a 1925)

Lugre “Estrela II”
1922 - 1934

Armador : Emp. de Pesca Estrela de Portugal, Lda., V. do Castelo
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Nº Oficial : 76 > Iic.: H.E.S.L. > Registo : Viana do Castelo
Cttor.: António Dias Santos Linhares, Fão, lançado 05.06.1921
ex “Águas Celenas”, Sociedade Fãozense, Porto, 1921-1922
Tonelagens : Tab 213,03 to > Tal 171,18 to
Comprimentos : Pp 37,20 mt > Boca 8,73 mt > Pontal 3,52 mt
Máquina : Não tinha motor auxiliar
Equipagem : (x) tripulantes
Capitães embarcados : Manuel Pereira Ramalheira (1922) e João Francisco Grilo (1923 a 1925)

Já em 1923, foi matriculado um novo navio, como segue :

Iate “ Estrela III “
1923 -1930

Armador : Emp. de Pesca Estrela de Portugal, Lda., V. do Castelo
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Nº Oficial : 77 > Iic.: H.E.S.M. > Registo : Viana do Castelo
Cttor.: José Dias dos Santos Borda Júnior, Fão, lançado 05.1920
ex “Atlântico”, Parceria Marítima Douro, Porto, 1920-1923
Tonelagens : Tab 141,51 to > Tal 97,01 to
Comprimentos : Pp 34,95 mt > Boca 7,79 mt > Pontal 3,38 mt
Máquina : Não tinha motor auxiliar
Equipagem : (x) tripulantes
Capitães embarcados : Manuel Pereira Ramalheira (1923 a 1925)
Vendido à Empresa Marítima Sagres, Lda., em 1930, armou em lugre, mudou o nome para "Avé Maria" e alterou o registo para a praça de Portimão.

1 comentário:

Rui Amaro disse...

caro Reimar
Lembro-me dos dois lugres Vianenses, o RIO LIMA e o GASPAR mas já com motor auxiliar. No meu Blogue há uma gravura, da imprensa diária, do GASPAR no Tejo.
Havia também um palhabote. hiate ou iate como lhe queiram classificar, o MAVEGANTE PTIMEIRO, 33m/183tb de 1919. existiu até ao pós- guerra. Pertencia ao Maduro de Viana do Castelo. Logo que encontre envio-te uma foto na doca de Sto. Amaro, Lisboa,imobilixado e desmastreado.
Os master mariners do ex Portuguese White Shp full corrected.
Obrigado
Rui Amaro