segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

A "poça"


Porto de Leixões
1942 - 1961

Quem não está familiarizado com a história do porto, provavelmente ignora que os amigos do sul, na sempre vã tentativa de menosprezar o que se construiu no norte, rebaptizavam o que a pouco e pouco se conseguia com grande esforço; não é por acaso que nestes primeiros anos do século XXI, uma das principais artérias da cidade do Porto, continue conhecida pelo beco dos Aliados. No caso de Leixões no período acima referido, que marca a inauguração da doca Nº 1 e a abertura do restante canal navegável, o porto tivesse ficado conhecido simplesmente pela "poça".

Imagem da poça - foto de autor desconhecido

Podemos apreciar nesta imagem que deve datar de 1940 a construção da "poça". Para efectuar este notável trabalho, é de realçar o canal construído para desviar o rio Leça do seu curso normal, que recuperaria mais tarde concluídos os trabalhos. Terminadas as obras, depressa devem ter chegado à conclusão que seis navios de maior porte preenchiam os cais acostáveis, motivo que levou aos aumentos que hoje conhecemos.

Porto de Leixões 1942/43 - foto de autor desconhecido

Através desta segunda imagem, tirada durante os anos do segundo conflito mundial, com todos os navios pintados de preto e perfeitamente identificados pelos nomes no casco, regista um encontro feliz, de 4 navios de 4 das principais companhias portuguesas. No lado sul pode ver-se o "Huambo" da Companhia Colonial, o paquete "Lourenço Marques" da Companhia Nacional e em posição quase frontal o "Luso" da Sociedade Geral. No lado norte encontrava-se o "São Miguel" dos Carregadores Açoreanos. Nota-se também que a obra não se encontrava finalizada. Mas que importa, se o acaso permitia reunir laços da outrora grande família nacional.

2 comentários:

Rui Amaro disse...

Caro pesquisador Maritimo Reimar
Descobres coisas do "Arco da Velha"!
Tema e fotos espectaculares! Só há um ligeiro erro. O navio SÃO MIGUEL não era paquete mas vapor de carga, embora tivesse acomodações para alguns poucos passageiros.
Houve sim, na guerra de 1914/18 um paquete da Insulana com esse nome, que ficou para história do nosso herói Cte Carvalho Araujo.
Ainda me recordo vagamente do visão real dessa foto, quando ainda com os meus três anos o meu pai me levou a ver a construção da doca nº 1, mal sabia eu, que anos mais tarde a minha actividade profissional iria ser ligada aquela estrutura portuária. Era pequena mas tinha um movimento de navios desusado. O primeiro navio que lá atracou foi o ZÉ MANEL da SG e é curioso que na doca nº 2 foi o MIRA TERRA(2) da mesma companhia.
O molhe Sul, também estava sempre ocupado, fosse com os petroleiros, fosse com vapores carvoeiros, etc..Anteriormente as operaçoes comerciais eram realixadas na Bacia, com a intervenção de laitas, como se chamavam aqui no Norte às fragatas ou batelões. Os paquetes também operavam na bacia e não eram poucos, mesmo já com a doca pronta os da Chargeurs Reunis/Sud Alantique e da Mala Real Inglesa trabalhavam na Bacia.
O aparecimento da doca nº 1, só na década de 60 é que começou a roubar navegação caracteristica do rio Douro, e até foi mais devido aos problemas surgidos com a cheia de 1961/62 e em 1972 com o encalhe à entrada da barra do porta-contentores TAMEGA, cujo primeiro terminal de contentores passou do cais de Gaia para o de Leixões, se bem que o cais de Gaia começava a ter o problema dos engarrafamentos de transito nas artérias circundantes.
O porto do Douro sempre foi esquecido pelo poder politico. Agora que foi concluida uma nova barra mais aceitável, a navegação comercial, que se cinge áquela que vai carregar granitos ao Marco ou a Sardoura. Até as seis escalas semanais dos navios ao serviço da Secil foram para Leixões. Enfim!
Saudações maritimo-entusiasticas
Rui Amaro (Navios a Vista).

Rui Amaro disse...

Caro Reimar
Uma correcção ao meu anterior comentário.
Onde se lê MIRA TERRA (2) dever-se-á ler SILVA GOUVEIA (3).
Desculpa.
Rui Amaro